21 janeiro 2009

O livro desejado

De todas as vezes que vamos aquele supermercado perto da escola dela o mesmo. Vai sempre buscar o mesmo livro e pede para andar com ele e desfolha-lo enquanto estamos nas compras. Deixo e apenas a primeira vez mo pediu. No final vai sempre colocá-lo no lugar e vem sempre com aquele ar de descontentamento de quem deseja algo. É bom desejar e hoje em dia quase não se deseja, com ela acontece o mesmo, é tudo demasiado fácil.
O livro não chega a 5€ mas nem comprei antes porque não achei adequado para ela. Trata-se de uma história do Wallace e Gromit, a Maldição do Coelhomem.
Ontem lá fomos ao Supermercado e lá pediu ela para andar com o livro enquanto estavamos nas compras. Deixei que assim fosse e na hora de o devolver à prateleira perguntei-lhe se queria o livro. Os olhos brilharam e começou até a dar pulinhos de excitação e contentamento.
Fizemos um acordo ( que isto está mesmo a dar-me volta aos neurónios ) e disse:
- Eu compro-te o livro, mas tu vais ter de comer sempre bem.
- Eu hoje vou comer tudo.
- Não é só hoje Beatriz, é sempre.
- Eu vou comer sempre tudo, mãe.
- Está combinado?
- Combinado.
- Não te esqueças, se não cumprires com o que estás a dizer, tiro-te o livro e venho devolvê-lo e nunca mais to deixo ver, nem quando viermos as compras.
- Está bem, mãe, está combinado.
Deu o livro para pagar, trouxe-o toda contente para casa, mostrou ao pai, quis que lho lê-se de imediato.
Foi a história de antes de dormir ( e eu continuo a achar que a história não tinha graça nenhuma para a idade dela ). Adormeceu agarrada ao livro. De manhã acordou e foi a primeira coisa que quis, procurar o livro dentro dos lençóis.
Acabou por se esquecer de o levar para a escola ( mas mesmo que o fizesse a educadora não iria lê-lo porque lá está, a história é longa e sem interesse para estas idades, para ela tem interesse pelos vistos ). No carro, chegadas à escola chorou imenso por se ter esquecido do livro e queria que voltasseos atrás para o ir buscar. Não fui claro, leva amanhã se se lembrar, mas é bom que deseje algo, mesmo que o valor seja irrisório.