28 fevereiro 2011

O parto das gémeas

A semana de 6/12 começou com contracções irregulares e suportáveis. Sempre com o conhecimento da minha médica, fui cronometrando as ditas que passavam geralmente de manhã e regressavam ao fim do dia. Ainda fui ao hospital por indicação da minha médica mas como eu sabia, tinha contracções sim, algumas significativas ( mas que não me causavam grande incómodo ) mas pela irregularidade não eram suficientes para desencadear o trabalho de parto. Como queriam chegar pelo menos às 36 semanas, não me faziam toques. Cheguei ao ponto de me fartar de caminhar para o hospital e disse na 4ª feira à minha médica que só voltaria ao hospital quando de facto sentisse que estava em trabalho de parto. Ela levantava as mãos à cabeça e avisava que o 2º parto poderia não ser como o da Beatriz ( por serem 2 e por ser 2º ) e como tal poderia chegar ao hospital tardiamente e com gémeas não poderia correr esse risco. Concordei mas teimei e na 5ª feira depois das habituais contracções, já mais regulares, começo com uma perda ligeira de líquido por volta das 19h. Acabei o meu trabalho ( sim que trabalhei até à última ), telefonei à médica, aviso a minha mãe, tomo banho e vou para o hospital, com as malas atrás e consciente que já só sairia com as minhas bebés no colo.
Cheguei ao hospital por volta das 21.45, levo com pulseira laranja e sigo para a obstetrícia.
A minha médica já tinha ligado para os obstetras de serviço e contado o meu caso. A Médica que me observa vai dando as informações à minha médica, que liderou todo o decorrer do parto, mesmo enquanto não esteve presente. Foi-me feito um toque muito superficial e tinha colo amolecido e 2 dedos de dilatação.
Fiz análises e encaminharam-me para o quarto. Como a perda de líquido era muito ligeira foi decidido aguentar as bebés na barriga o máximo possivel, sempre ligada ao ctg, com a veia canalisada e soro. Na 6ª feira a minha médica foi observar-me e diz que tinha 2 dedos francos de dilatação. A perda de líquido estagnou pois supõe-se que tinha sido numa das bolsas na parte superior e a cabeça da Matilde estaria a fazer de tampão. Foi-me feita uma ecografia que confirmou o bem estar das gémeas . Estive quase sempre ligada ao ctg, excepto para a minha higiene diaria e para as idas ao wc no entretanto. A minha médica falou com a pediatra que achou por bem aguardar até às 36 ou 37 semanas para o amadurecimento pulmonar ( já que não tomei a cortisona para o fazer pelo meu problema anterior )
Fazia análises diárias e no sábado indicaram anemia e uma infecção urinária. Comecei a tomar antibiotico intravenoso.
Na segunda-feira, mais de 48h após o inicio do antibiotico as análises revelaram um agravamento da anemia e da infecção urinária. Fui fazer uma ecografia que verifica novamente que a quantidade de líquido era normal, que as bebés estavam bem e poderiam aguentar mais um tempo mas eu começava a não eestar bem.
Por concordância da pediatra de serviço, o obstetra que me fez a ecografia, a minha médica, o anestesista e mais uma outra obstetra, decidem a indução do parto nesse dia. No entretanto, o corpo já tinha começado a tratar do assunto e eu já tinha contracções regulares nesse dia e de intensidade elevada. Ainda assim perfeitamente suportáveis e numa das que atingiu o pico dos 100%, ainda me ri com o Nuno sobre uma qualquer situação cómica.
Fizeram-me o toque antes de me colocar a ocitocina e tinha 3 dedos de dilatação. Aí ligaram-me a ocitocina e apesar das contracções baixarem de intensidade, aumentaram a dor. Cerca de 1h depois, novo toque, ia os 4 dedos e nem 5 minutos depois dão-me a epidural. Daí até aos 7 dedos de dilatação quase não sentia dor e foi relativamente rápido. A partir dos 7 dedos a epidural comecei a sentir cada vez mais as dores. Aos 9 dedos eu já não sentia qualquer alívio da epidural e a cada contracção, sentia a cabeça da Matilde a empurrar o períneo. Fui com 9 dedos para a sala de operações pois havia uma grande probabilidade da Matilde nascer de parto normal e a Joana de cesariana.
Entro na sala de operações com 2 obstetras, o anestesista, 2 enfermeiras parteiras, a pediatra e o Nuno.
Começa a expulsão da Matilde que depois de muitos puxões lá saiu com a ajuda da ventosa eram 18.13 da tarde. Dou-lhe um beijo e no entretanto é levada para oos testes do apgar e não chora se não quando lá chegou. A partir da saída da Matilde eu já estava esgotada. Foi-me feita uma ecografia em pleno trabalho de parto e enquanto a minha obstetra ajeitava a Joana na barriga, que vinha com o braço à frente do corpo, a perna torcida, o cordão curto e com 1 circular, a outra obstetra ia mostrando com o ecógrafo o que se ia passando.
Foi-me dada autorização para fazer força e eu fazia muito mas ela pouco descia. Veio também ajudada pela ventosae pela outra obstetra que ia carregando na minha barriga. Às 18.24 foi-me colocada em cima da barriga, de rabo voltado para a minha cara. Vi que tinha mecónio e perguntei como estava o líquido.
Estava limpinho, ela é que mal nasceu e libertou, já fora da barriga.
Também não chorou e vi na cara de todos a preocupação com ela. Não me foi trazida logo de seguida e estranhei mas não quis perguntar pois pressenti que algo não estava bem. Chorei , choramos quase todos aliás e uns minutos depois, já depois da dequitadura e de me estarem a coser, trazem-me a Joana, que foi aquecida na encubadora e reanimada com oxigénio e voltam a levá-la.
Estavam ambas bem. Aí explodi de emoção e chorei imenso eu o Nuno, a minha médica, a outra obstetra ( que também é conhecida ) e até a enfermeira parteira tinha uma lágrima nos olhos. Foram-me dados imensos parabéns por todos, não só pelo nascimento mas pelo processo em si. Fui apelidade de corajosa, vencedora, valente, etc. A minha obstetra foi também ela elogiada pelos outros profissionais pois o parto foi de facto complicado.
Segui para o recobro onde me reencontro com as 2 bebés. A Matilde pegou imediatamente no peito, a Joana não. Fico com a minha médica e o Nuno no namoro das bebés e pouco depois chegou a Beatriz. A enfermeira de serviço colocou-lhe as 2 bebés no colo e ela não cabia em si de contentamento e orgulho.
Umas 2 horas depois, regressamos ao quarto, onde fiquei com a minha mãe pois o Nuno ficou a dormir com a Beatriz para que ela não se sentisse " abandonada ".
Nasceram com 36 semanas e 1 dia de gestação, no dia 13 de Dezembro de 2010.

Regresso a casa

Após 4 semanas em casa da minha mãe regressamos a casa, cheios de sacos, saquinhos e malas. Mais parece que emigramos mas não, fomos só " ali ao lado " por uns tempos. Tudo porque a nossa casa parece que anda a ficar cada vez mais fria ( coisa que não era há uns tempos ) e portanto, tivemos que colocar ar condicionado no entretanto.
Sab bem estar em casa da minha mãe, quer por poder conversar com ela diariamente ao fim do dia ( com calma porque apesar de trabalharmos juntas, quase não conseguimos conversar por lá ), quer pela proximidade da casa de tudo e pelo jardim apetecível que nestes últimos dias de sol, foi a minha companhia silenciosa.
No entretanto as bebés vão crescendo e já prestam muita atenção ao mundo que as rodeia, ao mobile que adoram, à irmã e a nós.
Sorriem que é um espanto e não há sorriso que não me faça derreter o coração, mesmo quando deveriam adormecer mas teimam em sorrir.
Felizmente ( e bato na madeira muitas vezes, cruzo os dedos e tudo e tudo ), vão dando noites porreiras e eu até me parece mentira que bebés tão pequenas façam tamanha proeza. Eu bem dizia que já tinha tido com a Beatriz a minha dose de noites mal dormidas.
Pesavam na sexta feira 4100grs a Matilde e a Joana 3900grs.
Estão mais diferentes entre si, mas há muita gente com dificuldade em distingui-las.
A Beatriz anda numa fase " parvinha " que eu pensava que só chegava lá para os 7 anos. Faz piadinhas, está gozona e isso tem lhe valido muitos ralhetes. Ainda assim continua um mimo com as irmãs e quando não está a " aparvalhar " um doce connosco.
Nós 5 estamos adaptados e não fosse o espaço que ocupamos e as despesas que isso implica, até diria que nem somos muitos cá por casa :)

15 fevereiro 2011

Consulta dos 2 meses

( Sendo que em idade corrigida têm 1 mês e 2 semanas )
Tiveram alta da cinesoterapia respiratória e das " aspiradelas nasais " constantes. Agora é fazer uma semana de aerosóis só com soro, 3 vezes ao dia e em principio ficarão bem.
Ainda assim temos de evitar as saídas de casa, as visitas e prepararmo-nos para o próximo inverno ( do ano que vem ) dificil, pois este virus deixa sempre " mazelas " e abre as portas para as doenças respiratórias, mais ainda em prematuras ( a conjugar com a carga genética que tenho de asma e rinite alérgica ).
Apesar disso, de terem estado internadas, de andarem 2 semanas a comer pouco e a vomitar muito e de ainda agora a Matilde não comer tudo, pesam 3700grs a Matilde e 3520grs a Joana, e 52cms e 50 cms respectivamente.
A Matilde no percentil 5 no peso e altura e no 25 de perimetro cefálico, a Joana, no P 10 do perimetro cefálico e ainda sem percentil para peso e altura.

08 fevereiro 2011

Doentes

A semana passada dias depois da Joana sair do hospital, a Matilde começou a piorar.
Estão ambas melhores agora, mas no entretanto começaram a fazer cinesoterapia respiratória.
Entretanto, a zona onde a Joana teve o cateter inflamou ( por infiltração do soro ) e ontem foi lancetada por um cirugião no hospital. Está a antibiótico, mudanças de penso diárias e na sexta voltamos para que o cirugião veja a evolução e para fazer rx para ver se atingiu o osso.
Estou com muito muito medo.............

A crescer

A matilde já finca bem os pés numa superficie e aguenta-se temporariamente hirta. A Joana já vai de vez em quando levantando o rabo da esperguiçadeira para que lhe peguemos e até á o fez em simultaneo com os braços esticados para a Beatriz mas pensamos que tenha sido involuntário pois não o repetiu.
Querem companhia e reclamam atenção quando não a tem mas como ainda passam muito tempo do dia a dormir, continua a ser mais ou menos exequivel, ainda que apenas me sente nas horas das refeições e para tirar leite.
Desde a semana passada que olhavam para os nossos lábios enquanto falamos e iam também ela mexendo os delas. Começaram ontem a emitir uns sons que quase se pode dizer que são as primeiras " palradelas ".
Anteontem, durante a noite a Matilde deu o seu primeiro sorriso acompanhado de som... lindo.
Estão a crescer, pois!

Sorrir

Desde o final da 6ª semana que sorriem. Primeiro a Joana, que premiou a Beatriz com os seus primeiros sorrisos, seguindo uns quantos para mim. No dia seguinte a Matilde.
Cada vez sorriem mais e quase sem motivo, ainda que a Joana seja indubitavelmente mais sorridente que a Matilde, são umas bem dispostas.

Conversas com a Beatriz sobre... rapazes

- Acho que sou a pessoa indicada para o Francisco;
- O Francisco é engraçado, o Gabriel é lindo, percebes?;
- O Ruben está apaixonado por mim;
- Vi um rapaz giro na minha escola.

01 fevereiro 2011

Internamento

No Domingo da semana passada a Joana começava a ficar constipada, depois do Nuno ter ficado e de eu estar também. Muita congestão nasal e na terça feira começa a vomitar e a quase não comer. Fomos até à pediatra e já no consultório, recusou-se a comer depois de 6h em jejum. A médica observou as 2 porque a Matilde começava também a comer menos e deu a notícia que nenhum pai quer ouvir:

- A Joana tem de ir para o hospital e ficar internada para ser alimentada por sonda e eventualmente para receber oxigénio. Deve ser VSR ( virus respiratorio ) mas que nestas idades é muito perigoso e violento. A Matilde ainda não precisa de ser internada mas mais uns dias e fica igual. Estão com fervores e tiragens. Qual o hospital para onde querem ir que eu ligo já para falar com os meus colegas?

Pior que a notícia ser recebida a seco é ter a Bia connosco que se agarrou à Joana a chorar compulsivamente e a dizer que não queria que a irmã fosse para o hospital. Conter as lágrimas e agir como se estivesse calma foi das coisas mais dificéis com que tive de lidar na minha vida, emocionalmente falando.
Falamos para os hospitais privados quase todos e nenhum tinha vaga. Lá nos lembramos do Hospital dos Lusíadas e ligamos para saber se estavam lotados. Ainda tinham 3 vagas para internamento e lá fomos a correr com uma carta da médica na mão. Chegados lá passamos à frente de todos, fomos logo atendidos na triagem sem fazer a admissão é seguimos para a consulta.
A Joana tinha as saturações de oxigénio a 95%, não era alarmante mas o facto de não comer sim. A Matilde tinha as saturações a 100%.
Na consulta com a pediatra informa-nos do que a nossa pediatra já tinha dito e que iria internar a Matilde apenas por precaução pois o caso parecia ser VSR e que esse virus tinha a fase critica nas 48h seguintes às 1ªs manifestações e também por estarem ambas a fazer aleitamento materno.
De seguida foram retirar sangue nas duas e canalisar veias e a cada veia que tentavam picar era uma veia rebentada. Subimos para o internamento e colocam a sonda naso-gástrica à Joana e ligam ambas aos monitores de oxigénio e cardiaco. Começou a fazer cinesoterapia.
Na 2ª noite a Joana tem de ser ligada ao oxigenio, com saturações a dormir nos 83%. A Matilde foi estando sempre nos 100% e estável. Nas 48h seguintes a médica diz-me que poderia dar alta à Matilde e que seria o melhor para não se expor a uma qualquer infecção bacteriana, visto estar estável mas que entendia ( porque era também ela mãe de gémeos ) o quão dificil iria ser logisticamente, especialmente em termos do aleitamento. Perguntou-me se eu queria continuar a amamentar e alertou para o facto de que, eu teria de controlar os meus " nervos " para que continuasse a ter leite. Disse-me também que eu deveria ir a casa e descansar.
Acedi e quando se deu a separação das duas fiquei destroçada. Dividir-me entre a casa e as 3 filhas, 2 delas doentes fez-me quase colapsar emocionalmente.
No Sábado a médica notou melhorias na Joana e diz que provavelmente seria apenas mais um dia de internamento. Sábado venho dormir a casa e no Domingo a médica dá-lhe alta, com indicação de fazer cinesoterapia em casa.
Ontem, segunda-feira, a Matilde começou a piorar, chamamos o médico a casa que não achou ainda necessário irmos para o hospital e ligamos à pediatra. A indicação é de ir vigiando e se continuasse a vomitar e com dificuldades respiratorias para irmos para o hospital.
Felizmente começou à noite a tolerar a comida mas ainda tem dificuldades respiratórias... AI!