21 janeiro 2009

Dama de ferro e Castelo de cartas

Sou um misto dos 2, comigo, com a minha saúde, pareço e sou quase imperturbável, preocupo-me sim, tenho cuidados, mas não dou a devida importância, sub-valorizo. Já se falar na minha filha, sou a antítese disso mesmo quando a possibilidade de algo menos comum lhe possa afectar. Não falo das constipações, das otites, das amigdalites, conjuntivites, etc, falo de problemas menos comuns. Já pus hipóteses na minha cabeça que prefiro nem pensar nelas, ou será que estarei a ser injusta ao não querer aceitar a eventualidade de ter uma filha diferente? Caramba, eu que faço cavalo de batalha contra as injustiças, os tratamentos desiguais sinto-me fragilizada em pensar que eu posso estar a ser testada para saber se de facto, aceito assim mesmo como digo a diferença.
Pensando mais racionalmente é claro que sim, mas se é claro que sim, então porque é que esta eventualidade me está a esfrangalhar o coração e a cabeça?
Caramba, se eu não fosse mãe e se me viessem falar neste problema era a primeira a dizer:
- Estás a dramatizar, que exagero, a miúda é só pequena e ponto. Não temos todos de ser altos e elegantes, loiros de olhos azuis e porte atlético.
Racionalmente acho um disparate esta minha atitude, mas não consigo deixar de a ter. Agora mais calma já consigo novamente pensar na grande probabilidade de o facto ser só mesmo a genética já que não há outras manifestações físicas, mas ainda não exclui em absoluto a névoa de que poderá não ser só isso.
Também anda por aqui um pequeno sentimento de negligência; não terei eu desvalorizado demais o facto de ser pequena, de comer pouco e de tantas vezes não ter insistido para que comesse, pensando que se não insistisse, ela naturalmente não tornaria a refeição numa guerra entre as duas e aceitaria comer, aliás, passaria a apreciar a refeição.
Raios partam as pedagogias que se às tantas se eu insistisse para que comesse, com ou sem baba e ranho, ela dar-se-ia por vencida e hoje não estaria a escrever sobre isto, ou talvez não, não sei. Até já me passou pela minha cabeçorra que não pára que pode ser defeito nosso, da nossa comida e já comprei uns livrinhos de culinária para o efeito.
Adiante, este é o meu lado frágil que não espanta quem me conhece bem, que emudece quem me pensa indestronável, que emudeceu e deixou de lágrimas nos olhos a educadora da minha filha e a dona do colégio esta manhã quando me viram lavada em lágrimas ao pedir que estejam mais vigilantes.
Felizmente e porque acredito em Deus ( e ter fé é o que me torna mais lutadora ), quando me compadecia com a minha " dor ", recebo uma chamada telefónica duma amiga minha quase em pânico, que quase do nada, lhe detectam um eventual tumor. E foi aqui que acordei mais um bocadinho, que deixei de olhar para o meu umbigo e percebi que há tantos problemas bem mais graves que esta minha eventualidade.
Acredito que Deus me priviligia com estas chamadas de atenção, para que eu acorde do meu problema e olhe em volta, principalmente, que olhe com a razão e não com o coração.
Já percebi a real dimensão da eventualidade do problema, mas ainda não o aceitei por completo, nem tirei as imagens de culpa de mim. Quando o fizer, acredito que Ele estará lá por mim, como sempre tem estado.

3 comentários:

Unknown disse...

Lúcia, nem sei o que te diga!!

Queres levar uma palmada?!?! É claro que não é nada!! Caramba, tb não é assim tão pequena! E lá está não temos de ser todos altos!!
Que coisa! Acho natural que te preocupes, mas te consideres culpada por não valorizar o facto há mais tempo!!

Loira disse...

Minha querida, tu és mãe e é normal que sintas isso. Ser mãe é por vezes ser tb um pouco irracional.... é ter, lá no fundo, medo de uma remota hipótese, mesmo qd achamos que está tudo bem.
Sim, Lúcia, o mais provável é estar tudo bem com a Beatriz, mas tu és mãe e enqto não te disserem que está tudo bem vais ficar com uma pequenina dúvida....

Sara CS disse...

Percebo a preocupação, mas não tens mesmo de te culpar... , e vais ver que não é nada!