88 anos

Hoje a minha avó faz 88 anos. No mês passado pensamos não ser possível comemorarmos hoje esta data. Esteve internada mais de 2 semanas com uma pneumonia e um derrame pulmonar e eu vi-a como nenhum outro membro da família a viu, muito muito mal. Se eu sou muito optimista ( e na minha família somos quase todos assim ) não consegui sê-lo naquele dia em que a levei ao hospital e a vi em desespero, cansada da luta contra a idade, fraca mas ainda assim, sem vontade de desistir. A minha avó retirou-me as palavras quando encostou a sua cabeça no meu peito e me pediu que a ajudasse, como se estivesse nas minhas mãos decidir o seu futuro. Na altura não percebi que o que ela queria com aquele pedido de ajuda era que eu não desistisse de acreditar, porque naquele momento todos nos " preparavamos " para o pior cenário. Percebi horas depois, ainda estava ela na observação quando a vejo visivelmente melhor e já a acenar-me sentada numa cadeira a oxigénio.
A minha avó é muito rezingona, tem um feitio dificil mas é de uma resiliência incomum, com um sentido de família muito grande, que educou como pode os seus filhos sem que nunca lhes faltasse o essencial e tentando sempre dar-lhes algo mais. Na altura, seria talvez " prá frentex " porque nunca se resignou " à vontade do marido " ( mas o meu avô era quase um santo, diga-se ), que sempre lutou pela independência e que educou os filhos a lutarem para conseguirem o que sonham e essencialmente, ensinou-lhes pelo exemplo a serem lutadores e determinados.
A minha avó deu-nos a todos uma lição de vida quando o mês passado recuperou quase milagrosamente. Fez-nos ver que por mais pequenas que sejam as probabilidades, elas existem e nunca devemos desistir de lutar e acreditar. Além disso, os milagres acontecem, há que acreditar.
Apesar de ainda um pouco debilitada, hoje estamos mais felizes que nunca por podermos comemorar este seu aniversário que há um mês atrás parecia tão distante.
Parabéns avó, estou muito feliz por estares connosco!