13 outubro 2008

Dona de casa desesperada

Vivo o " drama " da minha amiga de perto, mãe a tempo inteiro, com 2 filhas, uma com 30 meses, outra com 6, ambas em casa a tempo integral, ou seja, sem escola para deixar nenhuma delas pelo menos umas horas por dia. Está estafada e queixa-se da falta de tempo para quase tudo pois entre resolver uma birra, dar de mamar a outra, preparar o almoço e mudar fraldas das duas fica ela por " tratar " e a casa que, apesar de estar em casa, quase não consegue fazer nada para se desdobrar na atenção pelas duas filhas e nos seus cuidados básicos de alimentação e higiene. É certo que esta minha amiga nunca foi uma pessoa muito activa mas consigo perceber que para se estar a tempo inteiro com as duas filhas, sendo que uma delas ainda é amamentada, não deixa muito espaço para as roupas por lavar estender e passar, a casa por arrumar e limpar e a loiça por lavar, principalmente porque até aqui nunca quis criar grandes regras e rotinas e foi a falta delas que gerou o caos. Tenho-lhe dito que pode ser muito cansativo mas é essencial criar rotinas, o deitar a horas decentes, o banho mais ou menos na mesma altura do dia e a sesta. Em vez disso as únicas regras mais ou menos fixas são a das horas de refeições que tudo o resto vai-se fazendo conforme há tempo.
A falta de rotinas e de regras nota-se bastante na filha mais velha, que pela excessiva permissividade até hoje, não consegue que ela esteja sem desarrumar tudo, chorar, fazer birra ou gritar meia hora por dia. Chega a ir buscar roupa às gavetas para atirar para o chão ou para brincar que vai passá-las a ferro e ela não o impede. Repreende e retira-lhe das mãos mas começa o choro e as roupas voltam às mãos da pequena. É de loucos!
Não sou grande apologista do bater para educar, mas o caso dela chegou aos extremos e nem bate nem castiga, repreende com o mesmo tom de voz com que premeia e ao mínimo contrario ela chora, berra, bate com os pés faz birra. Essa minha amiga diz que a já a pôs de castigo no quarto mas que sai do mesmo sítio e um dia fechou-a até no quarto para que não saisse e mandou pontapés na porta e objectos contra a mesma. Quando lhe perguntei o que fez perante esta atitude da filha diz que abriu a porta porque já não aguentava ouvi-la chorar. Diz que chega a estar quase 2 horas a chorar até que a mãe cede. Já lhe disse que tem de fazer valer um não ou um castigo e eliminá-lo a meio não produz efeitos, pelo contrário, faz alimentar ainda mais as birras porque a criança percebe que se chorar, berrar, etc consegue o que quer. Ela está esgotada e por ter a mais pequena, não consegue impor os castigos ( que só agora lhos começou a infringir ) até ao fim porque implica choros e berros que podem acordar a mais nova e passam a ser 2 a chorar e não 1.
Não ajuda o facto do marido ter 2 empregos para manterem esta opção de vida de ela estar em casa, restando muito pouco tempo para que pelo menos à noite dividam tarefas e ela consiga, quanto mais não seja, cuidar da casa.
Gosto muito dela e custa-me não só vê-la estafada como ver a " pequena ditadora " de quem também gosto muito, sem regras e a adoptar um caminho em que tudo lhe é permitido, sem perceber os limites que encontra não só na infância mas por toda a sua vida.
Este é o espelho de uma boa parte das crianças dos nossos dias e esta imagem preocupa-me pelos adolescentes e adultos que se irão tornar.

6 comentários:

Unknown disse...

Agora ela tem um osso bem duro de roer!! O melhor é começar já a "travar" a mais velha senão está tramada! E quanto a pequenita fizer o mesmo, ela fica doida de todo!

Agora o como, é que são elas!

Helena disse...

a minha licença de maternidade foi mais ou menos assim...e olha que eu não sou assim permissiva.
beijocas grandes

Loira disse...

Pois... olha eu só tenho um... como diz a Helena, não sou permissiva, nem pouco mais ou menos. O meu filho tem regras e rotinas. horários para deitar, comer, tomar banho, etc. Não o deixo fazer tudo o que quer. digo não, castigo, bato, se preciso. Imponho as coisas até ao limite: não é não.
Mas ele acaba por voltar a fazer as mesmas coisas. é um ditador tb. Grita, bate pé, chora, durante o tempo que for preciso. Se eu cedo? 90% das vezes (talvez mais) não. Mas sinto-me igualmente esgotada, muito desamparada (pq tb estou sozinha com ele, pq o meu marido trabalha à noite) e frustrada tb. Ah e ele está na escola desde os 20 meses.
Pensar noutro filho seria loucura. Eu sei que não aguentaria. Não nesta fase pela qual ele está a passar.
bj*

Loira disse...

ah... outra coisa... o meu irmão mais novo era assim e eu acho q a minha mãe era demasiado permissiva com ele (ela por exemplo q eu nem me devia queixar do meu e-coitadinho-do-menino-que-ele-deve estar-mas-é-doente). O meu irmão cresceu e, sim, deu alguns problemas na adolesc~encia (mas nada de transcendental), mas, dps, tornou-se numa das melhores pessoas que eu conheço: juro! Equilibrado, justo, com valores, boa pessoa. E são estas coisas que ainda me atrofiam mais... como sabemos nós no que eles se vão tornar???
bj*

Lúcia disse...

Só que no caso desta criança nem sequer se sabe se é " feitio " ou da falta de limites porque ela de facto não tem regras, nem limites e em 90% das vezes um não passa a sim isto quando é não, isto é, a maioria das vezes nem sequer dizem não para não a ouvirem chorar, gritar, berrar, o que for. Não custa tentar impor-lhe limites e ver no que dá.

Unknown disse...

Complicado...