Fui deixá-la ao aeroporto

A noite foi de muita tosse seca e a febre apareceu às 4h30 da manhã. 38,4ºC, pouca é certo mas suficiente para quase desistir da sua ida. Vacilei, penso e repenso se deve ou não ir. O Nuno deixa a decisão nas minhas mãos sabendo de antemão que por ele, ela não ia. Mas e se foi só uma febre daquelas malucas que aparecem e desaparecem, como lhe vou explicar que não foi com a avó? Damos-lhe o medicamento e a febre vai embora. Não dá muito tempo para pensar. Arrisco e vai? Seja o que Deus quiser, ela quer ir, está entusiasmada.
Ainda não eram 6 da manhã, ela cheia de sono despediu-se de mim e eu passei a sentir-me vazia quando passou as portas para o Check-In. Vazia, oca, sensaborrona, vim o caminho absorta em nada e só dei conta que vinha com o rádio desligado quase a chegar a casa.Vou tentar dormir mais um pouco mas não consigo, não me apetece chorar, apenas sinto que me falta muito e que aquela que ali está não sou eu, sou qualquer imitação rasca, mas falta-me a essência, a alegria no olhar e o sorriso no rosto. Olho para o relógio e os minutos não passam. Ligo para o aeroporto, vou controlando como estão as coisas e nem sei bem no que penso porque realmente a mente está, à semelhança do resto do corpo amorfa. Falta-me saber que está por perto, porque de facto durante a semana não estamos de dia juntas, mas é diferente saber que não está já ali.
Apesar de já ter estado longe de nós antes ( uma vez no Algarve com a minha tia e 2 com os avós em Torres Novas ) nunca me senti tanto assim. Pensava eu que com o tempo me habituava, se calhar é assim, se ela estiver em território nacional, estando fora a coisa muda de figura. Deu para perceber que nem vale a pena tentarmos fazer umas férias a dois longe que o meu coração não aguenta e a cabeça estará sempre, sempre, junto dela. Do mal o menos, que o Nuno também se sente assim e portanto não reclama programas a dois.
Amo-te tanto princesa, volta depressa!