Nos dias do fim de semana que não iamos com os meus pais passear pelo país ou no parque de campismo com amigos ( vêm de onde vem a minha " queda " para escapadinhas ), passava-os na rua, a brincar, geralmente com as minhas vizinhas, mesmo tendo um irmão, que se juntava ao clã masculino dos miúdos da mesma rua e redondezas. Todos nos conheciamos e conheciamos as vozes dos pais de cada um quando nos chamavam para regressarmos a casa para almoçar, lanchar, tomar banho e jantar.
Tinha grandes aventuras como dormir na varanda com o meu irmão e 2 vizinhas que ainda hoje são grandes amigas para vigiar a rua. Os nossos pais eram muito mais relaxados que eu sou enquanto mãe e permitiam-nos estas loucuras. Havia sempre turnos de pais ( entenda-se o meu e o das minhas amigas ) que vinham ver à varanda como estavamos. Eles dormiam mal, nós adormeciamos de madrugada mas dormiamos que nem pedras ( mais eu que quando caia apagava ).
Passava muito tempo na rua, vinha almoçar, voltavamos para a rua, vinhamos lanchar a correr e lá iamos nós até à hora do jantar.
No Verão e depois do jantar, ainda faziamos pseudo-concertos para os nossos pais, com violas de madeira com cordas de fio de pescador, com o play back a dar e os pais ainda assistiam das varandas e pagavam bilhete pelo concerto. Lembro-me tão bem das caras deles.
Pouco viam televisão os nossos pais, preferiam assistir às nossas macacadas.
Eramos muito " independentes " dos nossos pais em termos de brincadeiras. Não me lembro de " exigir " a atenção da minha mãe para brincar, não precisava, brincava com o meu irmão, com os meus primos ou com as minhas vizinhas e amigas. Mas também fazia jogos de tabuleiro com a minha mãe ( não sei se com o meu pai também, não me recordo ), poucos que queria mesmo era estar com a criançada da minha idade.
Passava muitos fnais de dia, quando já não podia ir para a rua em casa da minha vizinha, com as duas filhas a brincar. Jantei lá muitas vzes, dormi lá algumas, na mesma cama dos pais delas que foram como uns tios para mim. Lembro-me de saltar em cima da cama dos pais dela e de ele só lhes deixar fazer o mesmo quando eu lá estava. Quer os meus pais quer os delas deixavam-nos brincar, aleiar, cair, esfolar joelhos, sem dramas. Às vezes penso como tendo a infância que tive, consigo " stressar " tanto com a possibilidade da Beatriz se magoar.
Lembro-me também de à revelia dos nossos pais, irmos até à chamada casa assombrada, que não era mais que uma vivenda devoluta, embargada por não ter licença de habitação e povoada de seringas dos toxicodependentes. Lembro-me de a imaginar cheia de fantasmase mesmo cheia de medo querer ir sempre.
Lembro-me também de um ou outro baile a que fui, mais crescida com essas minhas amigas, numa sociedade filarmónica da zona e vir de lá a correr a sete pés por começar uma " richa ".
Andavamos de camioneta, os pais não nos iam por nem levar a quase lugar nenhum, andavamos muito a pé, corriamos muito, caiamos muito, saltavamos à fogueira...
Tive uma infância carregada de boas memórias
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