14 abril 2009

Conversas que nos marcam

Uma amiga minha, que não é desde sempre, mas que estimo muito, já mãe quando eu o fui pela primeira vez e assistente social disse-me no dia seguinte em que tive a minha filha, depois das felicitações:
- Algumas vezes vais ter vontade de a " atirar contra a parede ", é normal sentires isso, o que não é normal é fazê-lo.
Nunca me esqueci e foi se calhar dos melhores ensinamentos que tive até hoje, mais a mais vindo de uma pessoa com alguns conhecimentos de psicologia e que lida de perto com casos violentos que envolvem famílias.
O " atirar contra uma parede " é óbvio que é uma hipérbole, mas entendi a mensagem, haverá vezes, momentos, em que sem saber o que se fazer perante os maus comportamentos, em que não se consegue ter o discernimento para encontrar qual a melhor " estratégia pedagógica " para resolver a questão, no quente da questão, " apeteça " resolver de forma violenta, ainda que possa não resolver nada.
Quis me ela dizer que os filhos nos levam aos limites, ao limite do amor, da condescendência, da compaixão, do deslumbramento, mas também ao limite da paciência do qual não podemos imiscuir-nos, virar costas ou resolver a questão " à pancada ", mesmo que algumas vezes seja essa a vontade.
Continuo a tentar resolver as questões com conversas, castigos, medidas " mais pedagógicas " do que a palmada, mas também recorro a ela, ainda que quase sempre, pense antes de o fazer, não com " medo da segurança social ", ou do que pensarão os outros, mas sim, porque continuo a acreditar que a " porrada " não é o melhor " método de ensino ", ou então, a geração dos nossos avós e dos nossos pais ( e um pouco da nossa também ) seria só de pessoas educadas, bem formadas, de bom carácter, o que não é de todo verdade. Sim, por vezes a palmada acalma, alerta, fá-los tirar do " transe " em que não ouvem nada, por excepção, não por regra. E digo isto numa fase difícil da educação da minha filha, o que só por si é ainda mais duro de aplicar. Falo por experiêcia de caso e não pelo que vejo fazer, pelo que alguém fez com o seu filho e resultou. É muito mais difícil na hora não dar a palmada, pensar em como resolver. Até ao momento tenho conseguido, mas não tem deixado de ser um grande exercício para a minha calma e paciência. Ao ponto de até a dona da escola, que tem colégio há 20 anos e que antes foi ama me disse um destes dias:
- Você tem uma paciência...

4 comentários:

Xana disse...

É realmente um grande ensimaneto. A tua amiga foi muito sábia naquilo que te disse.

Quanto à palmada, concordo e é preciso uma ginástica muito grande para conseguirmos fugir a isso em certas alturas. Tenho vezes em que a paciência está mais curte e o faço por coisas que não são tão graves como as que não lhe dou e já ultrapassou todos os limites, mas naquele dia eu estou mais condescendente. Tento fugir a isso, acho que muitas vezes não é o tamanho e a quantidade de birras que comanda esse recurso. Muitas vezes me sinto culpada, por causa no meu limite oscilar de dia para dia. Mas tento ao máximo não o fazer. Aliás, acho que muitas vezes não o faço e devería fazê-lo.

Beijinhos

Sara CS disse...

Eu costumo dizer que tenho vontade de "atirá-las pela janela", lol.
É respirar fundo 100 vezes e passa.

Liliana ♥ disse...

respirar fundo.
contar até 10... ou 20... ou 30 (lol)

palmada na hora certa nunca fez mal a ninguém.
pelo menos saem daquele "transe"

conversar, SIM!
PALMADA, quando com conversa já não é suficiente.

beijinho (estás a fazer uma ÓPTIMO trabalho, como MÃE)

Liliana ♥ disse...

um...