Li em três blogues opiniões sobre as diferente formas de abordar a paternidade, se de uma forma mais participativa ( pai novo ) ou de uma forma distante em que o pai só existe mas quase não interfere de forma positiva no crescimento dos filhos ( porque esta não participação é em si mesmo uma forma negativa de intervir ).
A minha opinião não vai gerar um post romântico, onde “ agradeço “ ao meu marido, pai da minha filhota por participar nas tarefas do dia-a-dia. Isto porque acho que participar nas tarefas não é opção ou forma de estar na vida, não o tornam moderno, é antes uma prioridade, um dever. Tal como é também meu dever cuidar dela, acarinhá-la, brincar com ela proporcionar-lhe um ambiente harmonioso para que cresça e seja feliz. E não pensem que este nosso dever é encarado de forma negativa, do tipo
Lá tenho eu de lhe ir dar banho, não este dever é para mim ao mesmo tempo um direito que me dá muito prazer. Um pai/mãe que nunca deu banho ao seu filho, que nunca rebolou no chão agarrado ao seu rebento, que nunca foi capaz de olhar para uma casa cujo chão está cheio de brinquedos espalhados e sorrir, que nunca deu uma refeição, que nunca fez cara feia quando teve mudar uma daquelas fraldas radioactivas que deixam qualquer divisão da casa intransitável durante algum tempo, para mim não vive o seu filho, não bebe cada segundo dele com a consciência de que o tempo passa a correr, não consegue realmente sentir o doce sabor da maternidade. Sim porque até uma fralda bem suja pode ser motivos de muitos sorrisos. Quem nunca desejou que o seu filho fizesse um daqueles cócós monumentais quando o pequeno não o fazia há uns dias?
Quem não rejubila com a primeira palavra, quem não aplaude o primeiro xixi no bacio, quem não partilha com os seus amigos a felicidade que sente por ter o seu rebento, para mim vive muito pouco da paternidade. São os tais pais velhos, ocos de sentimentos, porque quem não é capaz de amar até ao tutâno o seu filho, para mim não é capaz de amar nada nem ninguém. Bem sei que há quem tenha dificuldades em exteriorizar os seus sentimentos, pessoas que pensam que abraçar um filho numa zona pública comprometeria a sua “dignidade de macho”. São mentalidades, bem sei, mas são mentalidades que não se coadunam com a minha. Por isso, sim tenho em casa um pai novo que lhe dá banho quando eu não posso ( porque adoro dar-lhe banho ), que lhe dá a refeição, que cozinha para nós, que a deita, a adormece, lhe muda a fralda, brinca e rebola no chão. Que a beija e a abraça em público, que a adormece no colo, que a trás para a nossa cama, que se levanta as vezes que forem necessárias para lhe colocar a chucha.
O pai que diz vezes sem conta que a adora, que me diz que lhe dei o “ presente “ mais valioso, que se deita ao meu lado de cansaço e não “ reclama” por sexo quando os meus olhos teimam em não se manter abertos, o pai que entende e partilha do meu cansaço, porque as tarefas são repartidas, de igual para igual, porque somos ambos pais, temos as mesmas responsabilidades, as mesmas tarefas e o mesmo amor.
Quem me conhece sabe que não falo por falar, que realmente não conseguiria viver com alguém que pura e simplesmente a única tarefa doméstica que reparte com a mulher é: ele suja, ela limpa. Porque se ele fosse assim nem sequer casava ou se o fizesse por engano, não chegaria a ter filhos. Revolta-me que digam
tu tens muita sorte porque se fosse com o meu marido... ele não faz nada em casa, não sabe, nunca deu banho à filha... Não sabe, aprende. O Nuno veio viver para Lisboa sózinho e ensinei-o a limpar uma casa, a passar a ferro, a cozinhar ( se bem que ele inventa e muito bem ), a sentir que estar numa casa limpa e arrumada não é capricho.
Se sou demasiado désposta, exigente, tirana? Talvez, que importa, somos felizes assim, só não quero ser criada de ninguém. Escrava só do tempo que passa à velocidade luz.