11 novembro 2007

Dia de S. Martinho

Dia de castanhas, água pé ( ou jeropiga ) para os adultos, de saltar fogueiras, dia quente e noite fria. Lembro-me que na casa da minha vizinha ( que sempre a tratei assim mas que era quase uma tia ), beirã, se cozinhava geralmente cabrito ou borrego e eu só não jantava lá em casa nessa noite porque não gostava de nenhuma das iguarias. Era compensada com uma tapioca ou um arroz doce feito por ela e uma tigela de marmelada ou geleia de marmelo. Lembro-me de em criança saltar a fogueira, uma fogueira baixinha que não era muito aventureira. Depois, na adolescência e idade adulta, porque passei a viver numa cidade e onde mal conhecia os meus vizinhos, nunca mais se saltou à fogueira nem se estava à conversa na rua com a vizinhança até às tantas.
Há pouco mais de ano e meio voltei à freguesia onde morei até aos 11 anos. Há pouco fui à rua passear a cadela e no ar está um fumo imenso, um cheiro a lenha queimada, ouvem-se vozes de adultos e risos de criança, ouve-se música. Procuro de onde vem tanto fumo e vejo que vem dos quintais aqui e ali, um pouco por todo o lado.
Imagino que também eles irão saltar à fogueira e lembro-me de imediato de tudo o que descrevi. Não vou saltar à fogueira porque ao contrário da minha infância em que quase em cada rua, a festa era pública, aqui são " festas particulares ", mas comemora-se felizmente, que eu há coisas em que gosto de manter as tradições, ainda que adaptadas à realidade actual.
Só este ano conheci a lenda do Verão de S. Martinho, numa das revistas " pedagógicas " que compro.
Este ano comi castanhas assadas no forno eléctrico acompanhadas por uma tisana gelada. O ano passado bebi uns 10 mls de água pé em casa da minha mãe e já não consegui trazer o carro para casa ( tsss... fracota ).
Gostava que daqui a uns anos, também a minha filha associasse o dia de S. Martinho a convívio, a festa e a partilha e que não seja apenas um dia como os outros. Para o ano quero ver se combino com qualquer casal amigo com filhotes e com quintal para ver se fazemos uma festarola, ainda que "privada ".

2 comentários:

Mamã artesã disse...

Infelismente cresci num ambiente em que os dias de festa eram apenas um dia igual aos outros e não dou grande valor a festejos.
Este ano, as únicas castanhas que comi foi as que me deram no Carrefour. Mas acabei por as deitar quase todas fora porque, para além de estarem mal assadas, a maior parte estava poder.
Joquinhas
Sofia

Xana disse...

Infelizmente já se perderam muitas das particularidades da tradição, mas eu este ano já comi tanta batata doce e tanta castanha. Ontem, dia obrigatório, foi mesmo obrigatório. Aliás, foi até à meia noite a comer castanhas. Shame on me! Os quilinhos que tínha perdido por causa da dieta (diabetes e colesterol) tenho-os ganho de volta à conta destes petiscos divinais!

Beijinhos