11 agosto 2006

Raízes

Acredito que aquilo que somos é resultado da adição da educação que tivemos, da família com que vivemos, dos amigos e da sociedade em geral. Somos portanto fruto de um passado.
A minha ainda curta história de vida é recheada de emoções boas e más, de vivências que condicionaram a minha forma de encarar a vida.
Também o presente de hoje será o passado de amanhã da Beatriz e portanto ditará a pessoa em que se irá transformar. ( Hoje estou numa de introspecção ).
Quero que conheça a sua história e por isso relato aqui os seus ( e nossos ) vários momentos. Hoje relato a minha história e a do Nuno para que conheça a sua " herança genética ".
Os meus pais casaram muito cedo, a minha mãe com 16 anos e o meu pai com 21. Tiveram o primeiro filho meses depois. Aos 20 anos nasceu o segundo filho do casamento, eu.
Resultado dos tempos modernos e de uma relação que não funcionava, o divórcio surgiu quando tinha 11 anos.
A minha infância foi feliz e nunca me apercebi que os meus pais não se entendiam até ao dia da separação. Se por um lado me poupou de várias angústias na infância, por outro a notícia foi uma surpresa completa que me custou a aceitar. Infelizmente não há divórcios perfeitos.
Os anos seguintes foram emocionalmente complicados . O meu pai não nos visitou durante quase 3 anos e o convívio com a família paterna foi interrompido quase por completo ( apesar de os visitarmos nas ocasiões especiais ).
Durante esse período ( e sempre ) o apoio incondicional da família materna foi importantíssimo para que eu e o meu irmão sofressemos o menos possível.
O esforço de todos foi imenso para que crescessemos sem traumas de maior. Penso que conseguiram porque consigo falar abertamente no assunto sem mágoas.
Os meus tios então foram incansáveis e de uma paciência extrema porque tive alturas em que não fui uma criança fácil.
Este período fez-me ganhar uma próximidade muito grande da minha mãe, irmão, tios e primos. Tornou-nos ainda mais unidos.
Cresci sem problemas de maior e com uma adolescência tranquila. Estudei, fui para a universidade, fiz a licenciatura no tempo suposto e arranjei emprego. Tive aquilo que se cosstuma dizer de um percurso de vida " certinho ".
Estive sempre rodeada de amigos, nem sempre os mesmos porque a vida foi-me afastando de uns e aproximando de outros.
Conheci o Nuno quando estava no início do 4º ano, quando a minha cabeça transformava pequenos contratempos em problemas. Estava à beira de um esgotamento e ele foi o meu anti-depressivo.
Casamos 3 anos e 3 meses depois do início do nosso namoro. Em Maio de 2004 decidimos transformar o nosso projecto de ter filhos em realidade e em Outubro eu engravidava.
Com a chegada da Beatriz a nossa relação transformou-se, tal como o nosso dia-a-dia, mas o amor mantem-se inalterado.
Inicialmente para mim foi dificil lidar com as emoções e saber em que lugar ficavamos enquanto casal. Não havia só o " nós casal ", havia o " nós pais ".
Actualmente convivo perfeitamente com o assunto e só 13 meses depois consigo soltar as amarras da minha ligação com a pequenina e reconhecer que os momentos a 2 são necessários ( mas ainda assim custa ).
O pai é fruto de um casamento feliz e duradouro, numa família tradicional com 2 filhos, sendo o Nuno o primogénito.
Tal como a minha, tem uma família unida ( principalmente a materna ). O convívio com os primos foi marcante e ditou que se considerem mais que primos.
A adolescência dele foi mais intempestiva, era um jovem rebelde q.b. e que preferia andar a passear e a namorar do que ir às aulas e estudar. Terminou o 12º ano mas não quis continuar.
Começou a trabalhar cedo e desde trabalhar num posto de abastecimento de combustível a gestor comercial, fez de quase tudo.
Veio para Lisboa aos 23 anos atrás de mim e de um futuro melhor. Viveu 3 anos sozinho e transformou-se numa quase " fada do lar ".
Hoje é um pai dedicado e muito carinhoso e um marido atencioso.
Como qualquer casal temos os nossos arrufos mas felizmente são casos esporádicos e até hoje de pouca relevância,mas o balanço final é muito positivo.
Esforçamo-nos por lhe proporcionar uma infância feliz e um crescimento harmonioso proporcionando-lhe várias experiências. Tentamos fazer dela uma criança feliz. Até agora os sorrisos não nos deixam dúvidas de que temos conseguido. Virá a adolescência e as nossas dores de cabeça, mas até lá somos felizes.
Quero que a Beatriz conheça a nossa história, não porque seja perfeita ( longe disso ) mas porque faz parte de nós, são estas histórias que fazem parte do passado que condicionará o seu futuro.
Este é o nosso legado histórico.

4 comentários:

RB disse...

que belas história de luta e coragem!
que belos exemplos vai ter a beatriz!
um beijão e bom fds!

PSoMac disse...

Pois acredita que a harmonia do casal é um factor muuuuito importante para um crescimento desenvolvimento emocional saudavel das crianças.
Felizes todas as que têm essas sorte não é??

Beijinhos e BOM FDS

Smas disse...

Adorei conhecer a tua história. Também sou filha de pais separados mas as coisas forma sempre muito complicadas e ainda não consigo perdoar muitas coisas, de qualquer modo quero proporcionar aos meus filhos uma família unida, talvez porque o não tive o desejo ainda seja maior.
Bjs

Ana disse...

também sou filha de pais separados!