29 agosto 2006

A história da cegonha

Enquanto escrevia as breves linhas do post anterior, com o devido cuidado para não o tornar promíscuo ( porque afinal este será um diário a ler pela minha filha ), surgiu o polémico tema do prazer.
Não pensei que tivesse algum comentário ou a ter seriam breves. Afinal até tive bastantes e até percebi que existem mais mães com o mesmo problema.
Não sei como surgiu nem porquê, vi-me a braços com a minha falta de interesse pelo prazer sexual mas não liguei muito à questão, da mesma forma que tinha desaparecido haveria de voltar. Cansaço, stress pós-parto ou o que quer que tenha sido, aconteceu-me, passou por nossa casa mas felizmente não nos abalou. Mais uma prova superada pela nossa relação.
O Nuno que é um homem excelente preocupou-se com o assunto, mas nunca me pressionou, apenas tentou entender aquilo que nem eu entendia.Como ficamos sem respostas, a relação corria normalmente com a diferença de ter muito menos momentos intímos. Ao ponto de já não falarmos nisso, se apetecia tudo bem, se não, paciência.
Até que comecei eu mesma a ficar farta da minha falta de interesse e tentei arranjar momentos românticos para reacender a chama da paixão. O problema é que não conseguia marcar momentos românticos a dois, só a três e inevitávelmente quando a Beatriz está a minha atenção é quase exclusiva para ela, logo, lá se iam as tentativas românticas. Até há pouco tempo atrás, quando fiquei com o Nuno, sozinhos os dois, durante 3 dias. Três dias que aproveitamos para ir ao cinema, para jantar a dois sem pressas nem horas de banhos e refeições, sem a alegria contagiante da minha menina, é certo, mas com a harmonia do casal que somos.
Quando consegui quebrar as correntes que me prendiam há minha menina e deixá-la com outras pessoas consegui voltar a olhar com desejo, a ter vontade de ter momentos tórridos.
Um dia irá surgir a velha história de como surgem os bébés e não irei contar-lhe a história da cegonha, porque afinal essa dita história torna o nascimento como algo comercializável, então um casal decide ter um filho e encomenda-o? Não, prefiro contar-lhe que a mãe e o pai se amam muito e por se amarem tanto, decidem gerar um filho, ela que cresceu dentro de mim, saiu de dentro de mim, fomos um só ser até ao momento do seu nascimento.
Como é que eu vou fazer com que entenda isto é que já são outros quinhentos mas para mim, sexo e prazer não é um tema polémico e portanto, farão parte das nossas conversas de família.
Nunca comentei este facto com nenhum dos meus amigos, porque nunca calhou, porque não era um assunto que surgisse , porque não irão entender, porque não tem filhos ou quando têm provavelmente dirão que com eles não se passou nada disso ou porque não quero que se preocupem e pensem que a nossa relação está enfraquecida. Não está, de maneira nenhuma, nunca senti isso, continuo a amar o Nuno tanto ou mais que antigamente e acredito na reciprocidade do sentimento. A não ser assim, nem punha a hipótese de ter um segundo filho ( ou terceiro, eheheh ).
Não quero com isto ser considerada um exemplo, apenas relatar que com a chegada da minha filha, tivemos não só de aprender a sermos pais, mas também de reaprender a sermos um casal.

9 comentários:

Rita disse...

Eu não comentei o anterior mas percebo-te tão bem...
Há pouco tempo também fiz as pazes com a minha! eheheh
Quanto à história da cegonha sei que também não a vou contar, só ainda não pensei na alternativa!
Beijinhos grandes

RB disse...

como te compreendo, acho que muitos casais passam pelo mesmo, não direi todos, pois não conheço todos, mas conheço muitos...
aqui fico eu tb!
beijos

Smas disse...

Acho que acontece a muita gente, eu incluída.
Também não gosto da história da cegonha. Há um livro muito bom que se chama a Mamã pôs um Ovo mas segundo me tinham dito na Fnac na férias está esgotado.
Bjs

sofiac disse...

De facto deve ser complicado ser mãe e ser mulher ao mesmo tempo, parecem coisas ao fim ao cabo tão similares, mas por vezes tornam-se tão distantes. O instinto materno é das coisas mais poderosas que existem, e uma mulher quando se encontra a desempenhar este papel, por muito que não queira, e mesmo que seja insconsciente, eleva este papel ao estandarte máximo que existe!
A falta de interesse pelo prazer ou pelo sexo, acho que de alguma forma é muito natural, não se deve dar é uma importãncia exacerbada, porque o amor é muito mais importante que tudo! e aianda bem que ainda o sentes tão fortemente pelo Nuno. Espero que continuem muito felizes por muitos e bons anos.
Bjs
SC

Mil Coisas disse...

Concordo e assino em baixo... acho que isso acontece com a grande maioria das mulheres e é tal como dizes... não que se deixe de amar a pessoa ao nosso lado, simplesmente acontece.

Quanto à história da cegonha, nunca gostei da "dita cuja", só não tenho ainda alternativa...

beijocas,
Rute e André

Xana disse...

Eu entendo-te lindamente. A minha já voltou e de vez em quando vai-se embora. Porque últimamente tenho andado de serviço 24 horas (trabalho + minha mãe + as noites horrorosas que o Vasco me dá). O Vasco não tem dado espaço para os pais namorarem. Ainda ontem falava com o meu marido sobre isso. Ando com um stress tão grande em cima. Até chorei. Hoje vim para o trabalho com os olhos inchados e encarnados. Está a acontecer muita coisa ao mesmo tempo e desde as férias estamos com pouco tempo para nós. De vez em quando mandamos o Vasco para casa dos avós dormir uma noite. Mas nos últimos 15 dias não tem havido quase espaço para nós. Acho que o Vasco este fim de semana vai passar uma noite a casa dos avós.
O meu marido também é como o teu. Foi o que lhe expliquei não é falta de desejo. É estar sob stress, cansada (de rastos), montes de problemas para pensar e a falta de tempo para estarmos os dois. Mas o safanão que às vezes damos com as escapadinhas do Vasco à casa da avó, vai ter de ser dado mais vezes, por muito que nos custe afastá.lo um bocadinho. Muitas vezes acho que nos anulamos muito como mulheres no primeiro ano como mães. Principalmente quando temos bébés com as noites como o Vasco me dá e que não me dá espaço de manhã para por um pouco de blush (nao que seja doida por pinturas), tenho de ir arranjar as sobrancelhas à esteticista quando vou fazer o resto, nunca precisei poruqe me ajeito muito bem, mas agora não consigo fazer e coisas do género. Não nos podemos esquecer, que já tinhamos um relacionamento antes e que sempre fomos mulheres. Que tratar de nós para nos sentirmos bem (tento sempre fazer isso!).
Acho que é um problema que assola TODAS, salvo muito raras excepções (as que tem anjinhos). Mas que a partir do ano tem tendencia a desaparecer. E espero a partir deste fim de semana exorcisar de vez!!!

Beijos

Ana disse...

A minha até que andava bem até esta maldita doença me atacar. Agora só quero ficar melhor e pensar nas férias que vêm ai... em climas tropicais, propicios ao namoro!

Conheces aquela musica que diz:
amor sem sexo é amizade e sexo sem amor é vontade!

Eu acho que merece a pena andarmos sempre atrás da líbido, até porque emagrece e faz bem à pele.!!!!!

(chato é falar disto e estar a trabalhar!!!! eheheheh)

bjs

Margarida disse...

Gostei tanto de ler o que escreveste...feita parva fiquei com a lagriminha a querer sair.
Acho que todas nós passamos pelo mesmo, umas vezes dura mais que outras.
Ainda bem que falaste nisso, podes ter despertado muita gente.

bjs

ps. piapata não é sapato lol

Inês disse...

Tb concordo contigo, isso aconteceu-me tb.Mas sabes q a maior parte das pessoas nunca o dizem, pq são as "perfeitas". Todos tem vidas,carros,casas, profissões, filhos,vida sexual,corpos, roupas....enfim ninguem gosta de admitir q o tempo n dá para tudo e q os interesses qdo tens uma criança, ficam bastante modificados.
Há q dar tempo ao tempo e tudo voltará ao normal..
Bjs
Ines