08 março 2009

Medos meus

Não estou imune, mas preocupo-me e tento adivinhar o perigo nos objectos que manipula, nas situações do dia-a-dia. Não chega a ser paranóico ( acho ) mas não me sinto a cumprir bem o meu papel de mãe se assim não agir. Não quero de modo algum ser a mãe perfeita, nem sequer me acho como tal. Essa pretensão e miopia não tenho, até porque, a meu ver, quem muito se vangloriza de que é excelente em qualquer coisa, acaba por cegar com o seu amor próprio, expondo-se assim a ser facilmente ultrapassado/a, no caso da maternidade, a descurar muito. Agradeço a quem me alerta dos perigos que não sopus ou quando, por desatenção, minimizo consequências nela, porque como disse e repito, não acho que seja atenta a tudo, presente em tudo, capaz de prever todos os perigos que ela possa correr. Como mãe quero afastá-la dos perigos e por isso, muitas vezes não experimenta sem eu me certificar que é seguro, porque um parque infantil apesar de ter esse nome pode ser extremamente perigoso, uma rua sem carros, pode um dia ter um, etc. Como mãe também e por agradecer a quem me faz o mesmo, também alerto outras.
A minha filha não é aventureira, se calhar muito pelo meu zelo, que há quem considere excessivo, mas nunca se sabe se um dia, por curiosidade lhe vai por exemplo, apetecer trepar as grades da janela do quarto e por isso a janela não se mantem aberta com ela em casa, nunca se sabe se não lhe vai apetecer aproximar da lareira, mesmo sabendo que se queima, não lhe apetecerá experimentar as tesouras que cortam de verdade, ou as agulhas , ou provar os detergentes, ou, ou... Tem quase 4 anos é certo, há muitas situações que são mais comuns quando são mais pequenos, mas por um lado, em questões de segurança tento sempre pensar, tem só 3 anos e eu, com 30 tenho de ser por ela adulta, prever as situações e tentar impedi-las ao máximo. E por isso a minha filha quase não anda na rua sem me dar a mão, não brinca na rua sem um de nós estar próximo dela, não fica na banheira sózinha sem que eu pergunte quase de segundo a segundo se está tudo bem ( e já considero estar a arriscar muito quando a deixo por alguns momentos na banheira enquanto vou, por exemplo, buscar o lençól de banho que esqueci ou o pijama ), não consigo abastecer o carro com ela lá dentro sem o trancar e impensável é ir pagar e ela ficar no carro, por exemplo.
Este não é um relato de quem se acha uma super-mãe, nem uma crítica a quem não tem esta atitude, é antes um desabafo sobre alguns dos medos que povoam a minha mente. Se é paranóico? Não sei, sei que consigo disfrutar agradavelmente e de forma feliz os nossos dias, aliás, não conseguiria disfrutar alegremente dos nossos dias, se estes medos não morassem por perto. Pior que sentir medo, para mim é sentir remorsos pelo que não se fez pelo que não se previu, pelo que se devia ter deduzido e por isso, no meu papel de mãe, " prefiro-me " assim.
Por não ser nenhum " ataque " ou " crítica mordaz ", este post não fica em draft, mas fica sem comentários.