20 junho 2008

Reunião de final de ano

Foi ontem ao final do dia, assim permitiu que só visse 20 minutos daquela desgraça de jogo do europeu.
Falou no geral das " aquisições " dos meninos e congratulou-se das mesmas como se as crianças por si só não as alcançassem. Coisas como: " Calçam-se sózinhos, vão à casa de banho e limpam-se sózinhos ( com a supervisão de um adulto ), contam até 5, alguns até 10 e um ou outro até 20, que sabiam as cores, etc, etc."
Os pais iam abanando a cabeça e diziam que sim e outros até diziam-lhe que notavam uma grande evolução nos filhos desde que estavam com ela. Ela inchou de orgulho e eu tratei de dizer que muitas das coisas eles aprendiam porque é a ordem natural das coisas, porque aprendem por imitação dos pais, dos colegas, etc e também porque nós pais, devemos " fazer o trabalho de casa " e dedicar-lhes tempo para brincarem e aprenderem connosco. Percebi que muitos só brincam com os filhos aos fins de semana, quando é, que uns se deitam às 20h e outros à meia noite. Uma mãe congratulava-se dizendo quase que a filha era um génio porque sabia distinguir quando estavam 2 copos na mesa e apenas um.
Percebi que de 10 pais que lá estavam, apenas dois ( contando comigo ) se dedicam a pintar com os filhos, a ler-lhes histórias e a brincar. Dizem que não tem tempo, ou não tem jeito ou paciência, ou porque tem outros irmãos, brincam entre si, numa de " isso chega ".
Alguns pais assumiram que não sabiam quando deviam e não deviam castigar os filhos e como. Todos se queixam dos seus " pequenos terrores " que fazem birras infernais, que se atiram para o chão, esperneiam, batem quando as suas vontades não são satisfeitas. Das duas uma, ou exageraram todos ou preocupa-me o futuro desta pequena geração de pequenos ditadores. Não quero com isto dizer que tenho a fórmula mágica de como bem educar, tenho muitas dúvidas e cometo erros mas ouvir coisas como: " A minha filha não pede desculpa é escusado ", ou, " o meu filho tem de ver os power rangers ao sábado de manhã se não ninguém o cala " , ou ainda, " a minha filha quer fazer o cócó em pé e não faz de outra maneira" faz-me pensar que ou eu tenho uma filha muito educadinha ou eu sou muito rígida mas uma coisa é certa, quando estamos numa de medir forças nem que me custe as entranhas, mas a minha filha tem de perceber que há coisas em que é possível ceder e outras que não. Para mim é inadmissível que não se peçam desculpas sentidas, que com 2 anos se domine o comando da televisão ou que se façam cenas de espernear e bater com os pés no chão ( ou nos pais ) e no fim os pais cedam e lhes façam a vontade. Faço-lhe muitas vontades sim, quando tem o comportamento correcto, com birras não cedo, mesmo que muitas vezes tenha de vir a reboque com uma miúda no colo a espernear e a gritar num centro comercial para casa ou para o carro.
Disse também que todos eles eram muito autónomos já e que eram todos " espertinhos " mas muito mimados no sentido de fazerem birras sem causa plausível. Birras do tipo de querer sentar na cadeira onde está outro sentado quando tem um lugar vazio, por exemplo. Diz que nota que cada vez mais as crianças são assim e que lhe preocupam essas mesmas crianças quando tiverem 14/15 anos. Aconselhou a entender as birras ( que fazem parte do desenvolvimento e afirmação pessoal ) mas perceber quando são birras que fazem sentido e quando não fazem sentido e nas que não fazem sentido nem para nós adultos nem para a criança, então os pais deveriam castigar, isolando-os e fazendo com que refletissem sobre o que tinham feito. Deveriam pedir desculpa e não os retirar do castigo logo a seguir ao pedido de desculpas mas sim um pouco depois para que entendam quem " manda ".
Disse que teve " problemas " de adaptação com quase todos os pais e fiquei descansada por não ter sido só eu a não ter conseguido coadunar-me com ela. Admitiu que aparenta uma certa distância que faz com que os pais não se sintam à vontade com ela mas que as crianças gostam dela e que nunca nenhuma tinha ficado a chorar consigo. De facto é verdade.
Falou nas brincadeiras que eles tem ultimamente entre si e das quais já me apercebi pela imundisse em que chegam os pés dela: trocarem de sapatos, andarem descalços no recreio e pisarem-se uns aos outros.
Para o ano segue a mesma turma que recentemente cresceu para 12 elementos com a entrada de mais um menino e que em princípio não iriam ser mais, no entanto, o limite para o J.I são 25 crianças e por isso poderão ingressar mais no novo ano lectivo.
Falou nas idas à praia e no que é necessário levarem e frisou que cada criança levará as suas coisas na mochila às costas. Disse que deveriam colocar protector antes mas que lhes voltavam a colocar protector enquanto lá estão, cerca de uma hora depois de chegarem.
Entregou a pasta com os " trabalhos " deles e devo dizer que não tenho uma artista plástica em casa, ela é mais de intelecto e menos artística :) Ainda assim, tem alguns trabalhos pintados dentro dos limites, coisa que em casa não faz.
Vim desiludida com os pais daquelas crianças, sinceramente vim e preocupada com o futuro destes meninos que não sabem o que é ter limites para além da escola. Daqui a uns anos, nem a escola lhes conseguirá impor esses mesmos limites.

3 comentários:

Unknown disse...

Lúcia, dá trabalho ralhar, contrariar, castigar! É mais facil para muitos deixar fazer tudo!! Assim não há birras, gritos e afins!! Educar dá trabalho! Mas se nao for assim os miudos viram bichos! Eu tb não tenho muito tempo para a brincadeira com a Laura, mas lá fazemos um esforço!!

Unknown disse...

Temos que ser firmes senão até mandam em nós!
Às vezes não é o caminho mais fácil mas há que ser forte senão está tudo estragado...
Beijocas

Mamã da Bruna e do Rafael disse...

Não é fácil educar, não é não! Eu felizmente tenho muita disponibilidade para brincar com a Bruna, mas entendo aqueles pais q infelizmente pouco mais do q o fim de semana têm para passaram com os filhos! É o país q temos:(

Beijocas