Conversas

Já é possível ter algumas conversas com ela. Desenvolve, inventa ( ou confunde com a realidade ), responde, pergunta, conta, canta. Não fosse a voz mimada e diria que não tem " apenas " 20 meses. Ontem a nossa tia ficou surpreendida com ela e não estava faladora.
Conhece a família, mesmo os membros que vê menos vezes. Esses são sempre os ôtos; ôta tia, ôto tio, ôto pio ( primo ), ôta pia ( prima ) . Quando está para aí virada pede chupa ( desculpa ) quando faz o que não deve. Este pedido de desculpas derrete-me o coração pelo tom, não resisto. Pede chupa ( o doce ) e já sabe que quem lhe dá é o avô. Aliás, não fora ele e a minha avó materna, a menina ainda nem imaginava o que isso era.
Já vem contar ( ainda que muitas vezes eu não perceba ) o que se passa na cóia.
Sento-a no meu colo e conversamos muito! É aí que dá largas à imaginação para responder às minhas perguntas. Ontem dizia à minha tia que eu lhe tinha batido no nariz e com a cara que fazia, dava a entender que de facto isso tinha acontecido. Penso que deve ter sonhado já que está na fase de confundir os sonhos com a realidade. Ela gosta destas nossas conversas e eu então... nem preciso dizer não é?
Mais que nunca, sinto-a crescer demasiado rápido, todos os dias expressões novas, todos os dias mais menina. Já não sinto a nostalgia do onde está a minha bébé. Às vezes fico apenas a observá-la nos gestos, nas brincadeiras. Orgulho-me da menina, outrora bébé que passeia o seu carrinho de bonecas. Depois desafia-me para a brincadeira e corro para ela, aproveitando estes momentos, enquanto me quer ao seu lado, enquanto não me pede a chave do carro emprestada e me chega a casa às 3 da manhã. Porque agora, mais que nunca, sinto que passa tão depressa que hoje, a menina que hoje me pede Beite pela manhã, daqui a nada, pedir-me-à para a deixar dormir porque na noite anterior, foi para a borga com os amigos. Eu, que achava isto um sinónimo de caretice...