06 março 2007

Ao estilo do gato fedorento ou Diácono Remédios ( mas muito aquém )

Estudando o teor de muitas das músicas infantis, descubro-lhes uma clara incitação à violência e uma vertente muito anti-pedagócia ( mas não é por isso que deixo de as cantar ).
Vejamos a famosa : Atirei o pau ao gato. Comecemos pelo título, o desgraçado do gato levou com o pau porquê? E qual é o intuito? Atirar um pau a um gato?? Onde fica o respeito pelos animais? Francamente ( lol ).
Continuando, mas o gato não morreu, quer dizer, o intuito da criancinha era mesmo de atirar a matar. A fofa, queridinha, ternurenta criança não o fez sem intenção, queria mesmo matar um gato. Imaginemos como será em adulta.
E sentada à chaminé ( e não assentada, como muitas vezes se diz por aí ), veio uma pulga e mordeu-lhe o pé . 1 º - Ninguém resguardou aquela criança nem aquela lareira evitando que a miuda se queime, 2º - Pulgas a passear pela casa?

Outra que tal, O pretinho barnabé – Logo no título há a clara intenção de mencionar que o barnabé é “ pretinho “. Na altura não se pensava que isto seria racismo ou xenofobia !
A saltar partiu um pé... salta agora só com um pé – Aqui não consigo perceber se incita ao masoquismo ou se incita ao optimismo. Prefiro pensar na segunda hipótese.

Mais uma, Ora ponha aqui o seu pézinho. Aparentemente esta letra não tem mal nenhum, ora ponha aqui o seu pézinho, ao pé do meu... ao tirar o seu pézinho, um abraço lhe dou eu. Boa, apela à brincadeira e ao companheirismo. Mas depois, estraga tudo e vem com um:
Ai dizem mal dos caçadores, por matarem os pardais, ai os teus olhos menina, matam muito mais.

Os olhos da Marianita. Não há violência, não há racismo, mas há um transissão deturpada da mensagem. Em bom rigor os limões são amarelos, verdes quando ainda não estão maduros. Das duas uma, ou os olhos são amarelos como os limões, ou verdes como as limas.

A música do galo cantor:
Mas veio um dia e não cantou, outro e mais outro e não cantou
Nunca mais se ouviu cócóró cócóró, Nunca mais se ouviu cócóró cócóró.
O que foi feito do galo? Cabidela?

Mas enquanto não se inventarem novas músicas são estas as que cantaremos aos nossos filhos, em pleno século XXI quando nunca antes foi tão estudado e tão debatida a pedagogia de certos comportamentos, de certas formas de disciplinar as crianças ( muitas vezes, a meu ver, levadas ao exagero ).
Cantamos estas porque foram estas as canções que ouvimos dos nossos pais ( e também por causa dos DVD’s da carochinha, escolinha de música e afins ), que por sua vez, ouviram dos nossos avós e por aí em diante. Nem por isso as crianças que as ouviram são criminosas, nada indica que as que as ouvem o serão, mas que de facto, as letras das músicas deixam muito a desejar, lá isso deixam :)

2 comentários:

Quita disse...

Sabes que tb já tenho pensado nisso por isso agora canto à minha filha a versão politicamente correcta do atirei o pau ao gato:
Atirei o pão ao gato, mas o gato não comeu...

Unknown disse...

LOL
Acho que já todas pensámos na dualidade destas e outras cantigas hehe
Está demais!
Beijocas