Foi há um ano...

Olhei para o calendário e lembrei-me, foi há um ano que a Beatriz foi concebida. Um mês depois vinha a confirmação feita num teste de gravidez. Nessa altura não tinha noção de quanto a minha vida iria mudar. Muitas pessoas me disseram isso mesmo mas eu meia incrédula acenava que sim com a cabeça mas no fundo pensava assim: as pessoas têm a mania de exagerar, um filho não altera assim tanto o dia-a-dia. Estava errada.
Desde há um ano que a minha vida se tem vindo a alterar gradualmente, passo a passo as minhas preocupaçoes deixaram de ser o chegar a horas ao trabalho, o comprar isto ou aquilo, juntar dinheiro para isto ou aquilo, ir de férias aqui ou acoli, chatear-me com assuntos mesquinhos e pessoas fúteis. Passei a olhar para os problemas e a minorizá-los, pelo menos para estes "problemas".
Não deixei de viver "para mim" não me anulei enquanto pessoa pela minha filha, mas fiquei para segundo plano, eu e todas as outras pessoas que fazem parte do meu dia-a-dia. A minha filha é a minha prioridade.
Sinto-me mentalmente mais velha :), parece que envelheci imensos anos quando apenas passou 1 desde que engravidei.
Cresci muito como pessoa, passei a olhar com muito mais respeito para os outros pais e avós e ao mesmo tempo comecei a ter conversas sobre fraldas, babetes, chuchas, biberóns, cócós, xixis, bolçados, roupinhas de bébés, gracinhas da minha filha, etc.
Deixei de ter tanto tempo para mim e para os outros, mas cá me vou safando e tenho tentado heróicamente conviver com os amigos, sair, passear, estar com a família, trabalhar, cuidar da casa, namorar com o meu marido e claro, cuidar da minha filha. É preciso uma gestão do tempo muito cuidada e se há coisa que eu era é desorganizada com a gestão pessoal do meu tempo. Evolui neste sentido :)
Passei a ter uma curiosidade incrível com as barriguinhas de grávidas que não conheço, passei a admirar ainda mais os bébés, a apreciar a beleza que cada um tem.
Ganhei um afecto sem medida pela minha mãe que heróicamente ao longo de toda a sua vida sempre conseguiu dar imensa atenção aos filhos e agora netos, apesar da vida agitadissima que tem. Passei a olhar para ela com os olhos de quem vê ali uma mulher cheia de amor pelos filhos, que se sacrificou para que nada lhes faltasse para que sentissem o menos possível a falta do pai ausente sem nunca dizer mal dele, sem nunca nos incutir raiva ou qualquer outro sentimento negativo por ele, porque como ela dizia, " afinal, ele é o teu pai ".
Acho magnífico o amor que o Nuno sente pela Beatriz, se calhar porque na minha adolescência senti a falta desse amor mas mesmo em criança nunca tive demonstrações de afecto da parte do meu pai como o Nuno tem com a Bity. És magnífico, um óptimo pai, um bom marido, um amante atencioso, um bom filho, um homem com H grande.
Sinto que o amor pela minha filha segue no rumo do mais infinito (matematicamente falando ) porque cresce a cada dia que passa, a cada sorriso, a cada gracinha e parece impossível como posso gostar ainda mais do que gosto mas é mesmo assim... um amor sem fim.
Deixei de conduzir a altas velocidades apenas para chegar mais cedo ou porque me aborrecia conduzir muito tempo. A segurança rodoviária passou a ser um ponto acente.
Deixei de comprar imensa roupa para mim e passei a comprar imensa roupa para a Beatriz.
Tanta coisa que se alterou em tão pouco tempo, tudo porque de há um ano para cá sou Mãe :).
Um grande beijinho a todas as mães que diariamente cumprem o seu papel e ainda conseguem chegar ao fim do dia com um sorriso nos lábios, o mesmo sorriso que neste momento se esboça no meu rosto quando olho para esta cara linda e estes olhos imensos.