Quando fomos em Setembro de férias para a Galiza, lá numa terriola com meia dúzia de casas, por trás do sol posto, lá onde o gato perdeu as botas, tivemos, ( que a malta parece que sente falta ) de nos deslocar ao Centro de saúde. Fizemos antes o seguro europeu de doença, que para quem não sabe, é um cartão sem custos, tirado na segurança social com validade de 3 anos, que permite que nos desloquemos a qualquer instiuição de saúde de um dos estados membros e que só paguemos o valor aplicável a um cidadão desse estado, tendo também direito à comparticipação dos medicamentos nos mesmos moldes ( sem o cartão teriamos de pagar sem comparticipação por exemplo ).
Lá fomos ao centro de saúde, a pensar que iamos perder toda a manhã no dito, na melhor das hipóteses, habituados que estamos aos nossos.
As diferenças começaram logo que passamos portas. Estava vazio. O médico tinha ido a um domicilio e não sabiam se demoraria. Especulei:
- Vai estar fora o quê, 2 horas?
- Não, não deve demorar mais que 30 minutos.
Entretanto ligam ao médico que diz estar a terminar o último domicílio. Esperamos ali e para além de reparar no aquecimento central, nos bancos novos e no aspecto limpo e remodelado ( que pelo menos o meu Centro de saúde não o tem ), reparo que tem suporte básico de vida, sala de aerosóis, rx e oxigénio. O médico chega uns 15 minutos depois, descontraído, tipicamente espanhol, sem formalidades, onde se sentia proximidade e preocupação com o doente.
Passada a receita médica, diz para que o Nuno ( que foi o paciente ) fosse seguido pelo médico de família para acompanhar o seu caso. Ficou espantado e literalmente de boca aberta com o facto de que tal como milhares de portugueses, não tem médico de família. Nesse momento imaginei que na cabeça dele passaria uma imagem de país de terceiro mundo.
Saimos e dirigimo-nos à recepção a fim de efectuar o pagamento da consulta. Novo espanto da enfermeira que me diz que não temos nada a pagar. Face à minha insistência ( e até lhe disse onde estavamos hospedados caso se enganasse ), disse que não tinhamos de pagar, por termos o tal cartão, ou seja, eramos equiparados a cidadãos espanhóis.
Fiquei na dúvida e esperava receber uma conta cá em casa uns tempos depois, mas a dita não chegou.
Venham cá dizer que a Espanha está em crise, que há um índice de desemprego elevado, que, que... e crise não há cá? e a nossa taxa de desemprego que não espelha os trabalhadores independentes com trabalhos incertos e meses sem receber mas a continuarem a pagar segurança social?
Está mal, sim, mas é um mal relativo, onde o ordenado mínimo são salvo erro 750€ mensais, onde os preços das casas são semelhantes aos de cá, onde a comida e produtos essenciais são mais baratos, onde os combustíveis tem diferenças abismais de preço, sem falar no gás, electricidade e por aí fora.
Não fosse eu tão menina da mamã e acho que já tinha mandado o meu patriotismo dar uma volta, ou lá se tinha.
5 comentários:
Ai... nem digas mais nada...
Bjs
É indecente! Podes crer que subscrevo tudo, incluindo a parte de se não fosse filhinha da mamã. Gosto da forma de star deles, gosto da cultura e muito mais dos ordenados e de como cresceram. Para além disso podía ver toradas. Upsss! Vou-me levantar rápidamente da cadeira antes que leve um tiro na cabeça sem ter tempo de comprar as passagens.
Agora a sério, boa dica desse seguro. Não conheçíamos e vou dizer ao L. para o ir fazer. As constipações quando sai do país em trabalho acontecem muitas vezes e é medicado pelos farmaceuticos.
Beijinhos
acho que vopu fazerr o tal cartao, visto viver perto de espanha começo a la ir qdo estiver doente!!
Anabela, o que te pode acontecer é tratarem-te apenas em caso grave e se estiveres longe da fronteira, caso contrário podem enviar-te para Portugal. O cartão é apenas para quando nos deslocamos a um dos países do estado membro e termos assistência médica sem pagar como se fosse particular.
Tu e eu!
Já viste bem? aqui tão pertinho a diferença que é??
Beijocas
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