12 outubro 2009

Reencontro com o avô paterno

Há uns tempos que ela me perguntava com alguma frequência pelo meu pai. Nada que eu não esperasse vir a acontecer um dia. Perguntava se já tinha morrido e como pude expliquei que não, mas que tinha um trabalho que o obrigava a estar muitas vezes fora do país, daí a sua ausência das nossas vidas. Avizinhava-se a altura em que eu teria de dar o braço a torcer e ir mostrar à minha filha que tinha avô paterno, ainda que se desinteressasse pela nossa vida. Reconheço-lhe o direito a saber que tem avô e a " mostrar-lho " sempre que o desejasse, ainda que o desejo não fosse recíproco. Com o tempo ela decidirá se quererá ou não continuar a vê-lo e optará, como eu fiz.
Este Sábado o meu pai fez anos e eu telefonei-lhe, aproveitando a ocasião para tentar propiciar o encontro tão desejado pela minha filha. Engoli um sapo vivo e o meu orgulho pela minha filha e um dia ela saberá o quanto isto representou uma prova de amor por ela. Ao telefonar-lhe passei o telefone à minha filha, que falou com ele pela primeira vez, mas da forma tão doce como só ela sabe ser, que parecia sempre ter convivido com ele. Tocou-lhe no coração e ele não resistiu e disse que iria visitá-la Domingo. Relembrei-o que não iria permitir que ele fizesse com ela o que fez comigo, que foi dizer que vinha visitar-me, eu ficar na expectativa e quase nunca vir. Concordou e disse que viria. Eu na dúvida disse à Beatriz que ele ia " tentar " e não confirmei, não fosse ele não aparecer como tantas e tantas vezes fez comigo.
Domingo depois de almoço ele apareceu, ela fez-lhe uma grande festa, ele ficou derretido com a neta, pediu-lhe desculpa por ter perdido 4 anos da vida dela ( a ela não a mim ) e prometeu vir visitá-la mais frequentemente. Confesso que não me tocou minimamente a emoção dele e engoli o sapo, não lhe apontei nem cobrei nada e deixei-lhe " a porta aberta de nossa casa " para aparecer sempre que queira. Quem conhece a minha história e quem me conhece a mim sabe bem a prova que dei.
Ela matou a curiosidade, ele agradeceu-me por o ter recebido sem reclamar ou apontar-lhe todas as vezes que nos falhou. Não o farei, cansei-me , o que é pior do que enquanto lhe reclamava. Enquanto o fiz, tinha esperança de o chamar à razão, já não tenho. Passei um capítulo da minha vida e pela minha filha, não lhe negarei nem opinarei na relação que ela eventualmente estabelecer com o avô.
Sinto que fiz o correcto e tenho a não muit secreta esperança que ela tenha matado a curiosidade e não me peça muitas vezes para estar com o avô, mas se o fizer, na medida do possível, lá irei com ela ou convidarei o avô para ir a nossa casa.

9 comentários:

carla disse...

Compreendo-te tão bem Lúcia, custa-me imenso os meus filhos perguntarem pelo avô materno ( que ainda n conhecem) e eu sem saber o que dizer...enfim.

Bjs

Anabela, Lara e Miguel disse...

vais ver que ira emendar-se

bjs

Isabel disse...

É um assunto delicado, e acho que fizeste bem, mas também consigo imaginar os "sapos" que engoliste.
Mas pelos filhos fazemos tudo!
Um beijinho grande!

Mamã da Bruna e do Rafael disse...

Eu tb tenho uma hist´ria parecida na minha familia, mas foi o meu avô materno que só ao fim de 4 anos conheceu a sua 1ª bisneta e um tio (irmmão da minha mãe que ela criou e criou-lhe a filha) que ainda não conhece a sobrinha-neta!
Ainda bem q eles se deram bem :)

Beijocas

Rita disse...

ao conhecer a historia consigo saber o que significou para ti, mas a nossa princesinha precisava deste momento e sei que la no fundo tambem gostas te de o ver, é pai e pronto. Orgulho me muito de ti espero que saibas isso, porque sei que foi dificil. Adoro-vos aos 3 muito. beijinhos

Helena disse...

se achas que fizeste o correcto, isso é que interessa
quem sabe se a experiência com a neta o fará mudar...
beijocas

Unknown disse...

Tomaste a decisão acertada, na minha opinião.
És uma grande mulher/Mãe!
bejocas grandes e que haja muitas visitas à neta :)

Liliana ♥ disse...

amiga, tens um coração ENORME.
e a mim vieram-se as lágrimas aos olhos ...

beijinho

Unknown disse...

Não conheço a historia, mas acho que fizeste bem! Ela queria conhecer!

Agora é não deixares que ela se magoe! E sabes que talvez ele mude! A idade muda as pessoas! E os netos muito mais!

Beijos!