A semana de 6/12 começou com contracções irregulares e suportáveis. Sempre com o conhecimento da minha médica, fui cronometrando as ditas que passavam geralmente de manhã e regressavam ao fim do dia. Ainda fui ao hospital por indicação da minha médica mas como eu sabia, tinha contracções sim, algumas significativas ( mas que não me causavam grande incómodo ) mas pela irregularidade não eram suficientes para desencadear o trabalho de parto. Como queriam chegar pelo menos às 36 semanas, não me faziam toques. Cheguei ao ponto de me fartar de caminhar para o hospital e disse na 4ª feira à minha médica que só voltaria ao hospital quando de facto sentisse que estava em trabalho de parto. Ela levantava as mãos à cabeça e avisava que o 2º parto poderia não ser como o da Beatriz ( por serem 2 e por ser 2º ) e como tal poderia chegar ao hospital tardiamente e com gémeas não poderia correr esse risco. Concordei mas teimei e na 5ª feira depois das habituais contracções, já mais regulares, começo com uma perda ligeira de líquido por volta das 19h. Acabei o meu trabalho ( sim que trabalhei até à última ), telefonei à médica, aviso a minha mãe, tomo banho e vou para o hospital, com as malas atrás e consciente que já só sairia com as minhas bebés no colo.
Cheguei ao hospital por volta das 21.45, levo com pulseira laranja e sigo para a obstetrícia.
A minha médica já tinha ligado para os obstetras de serviço e contado o meu caso. A Médica que me observa vai dando as informações à minha médica, que liderou todo o decorrer do parto, mesmo enquanto não esteve presente. Foi-me feito um toque muito superficial e tinha colo amolecido e 2 dedos de dilatação.
Fiz análises e encaminharam-me para o quarto. Como a perda de líquido era muito ligeira foi decidido aguentar as bebés na barriga o máximo possivel, sempre ligada ao ctg, com a veia canalisada e soro. Na 6ª feira a minha médica foi observar-me e diz que tinha 2 dedos francos de dilatação. A perda de líquido estagnou pois supõe-se que tinha sido numa das bolsas na parte superior e a cabeça da Matilde estaria a fazer de tampão. Foi-me feita uma ecografia que confirmou o bem estar das gémeas . Estive quase sempre ligada ao ctg, excepto para a minha higiene diaria e para as idas ao wc no entretanto. A minha médica falou com a pediatra que achou por bem aguardar até às 36 ou 37 semanas para o amadurecimento pulmonar ( já que não tomei a cortisona para o fazer pelo meu problema anterior )
Fazia análises diárias e no sábado indicaram anemia e uma infecção urinária. Comecei a tomar antibiotico intravenoso.
Na segunda-feira, mais de 48h após o inicio do antibiotico as análises revelaram um agravamento da anemia e da infecção urinária. Fui fazer uma ecografia que verifica novamente que a quantidade de líquido era normal, que as bebés estavam bem e poderiam aguentar mais um tempo mas eu começava a não eestar bem.
Por concordância da pediatra de serviço, o obstetra que me fez a ecografia, a minha médica, o anestesista e mais uma outra obstetra, decidem a indução do parto nesse dia. No entretanto, o corpo já tinha começado a tratar do assunto e eu já tinha contracções regulares nesse dia e de intensidade elevada. Ainda assim perfeitamente suportáveis e numa das que atingiu o pico dos 100%, ainda me ri com o Nuno sobre uma qualquer situação cómica.
Fizeram-me o toque antes de me colocar a ocitocina e tinha 3 dedos de dilatação. Aí ligaram-me a ocitocina e apesar das contracções baixarem de intensidade, aumentaram a dor. Cerca de 1h depois, novo toque, ia os 4 dedos e nem 5 minutos depois dão-me a epidural. Daí até aos 7 dedos de dilatação quase não sentia dor e foi relativamente rápido. A partir dos 7 dedos a epidural comecei a sentir cada vez mais as dores. Aos 9 dedos eu já não sentia qualquer alívio da epidural e a cada contracção, sentia a cabeça da Matilde a empurrar o períneo. Fui com 9 dedos para a sala de operações pois havia uma grande probabilidade da Matilde nascer de parto normal e a Joana de cesariana.
Entro na sala de operações com 2 obstetras, o anestesista, 2 enfermeiras parteiras, a pediatra e o Nuno.
Começa a expulsão da Matilde que depois de muitos puxões lá saiu com a ajuda da ventosa eram 18.13 da tarde. Dou-lhe um beijo e no entretanto é levada para oos testes do apgar e não chora se não quando lá chegou. A partir da saída da Matilde eu já estava esgotada. Foi-me feita uma ecografia em pleno trabalho de parto e enquanto a minha obstetra ajeitava a Joana na barriga, que vinha com o braço à frente do corpo, a perna torcida, o cordão curto e com 1 circular, a outra obstetra ia mostrando com o ecógrafo o que se ia passando.
Foi-me dada autorização para fazer força e eu fazia muito mas ela pouco descia. Veio também ajudada pela ventosae pela outra obstetra que ia carregando na minha barriga. Às 18.24 foi-me colocada em cima da barriga, de rabo voltado para a minha cara. Vi que tinha mecónio e perguntei como estava o líquido.
Estava limpinho, ela é que mal nasceu e libertou, já fora da barriga.
Também não chorou e vi na cara de todos a preocupação com ela. Não me foi trazida logo de seguida e estranhei mas não quis perguntar pois pressenti que algo não estava bem. Chorei , choramos quase todos aliás e uns minutos depois, já depois da dequitadura e de me estarem a coser, trazem-me a Joana, que foi aquecida na encubadora e reanimada com oxigénio e voltam a levá-la.
Estavam ambas bem. Aí explodi de emoção e chorei imenso eu o Nuno, a minha médica, a outra obstetra ( que também é conhecida ) e até a enfermeira parteira tinha uma lágrima nos olhos. Foram-me dados imensos parabéns por todos, não só pelo nascimento mas pelo processo em si. Fui apelidade de corajosa, vencedora, valente, etc. A minha obstetra foi também ela elogiada pelos outros profissionais pois o parto foi de facto complicado.
Segui para o recobro onde me reencontro com as 2 bebés. A Matilde pegou imediatamente no peito, a Joana não. Fico com a minha médica e o Nuno no namoro das bebés e pouco depois chegou a Beatriz. A enfermeira de serviço colocou-lhe as 2 bebés no colo e ela não cabia em si de contentamento e orgulho.
Umas 2 horas depois, regressamos ao quarto, onde fiquei com a minha mãe pois o Nuno ficou a dormir com a Beatriz para que ela não se sentisse " abandonada ".
Nasceram com 36 semanas e 1 dia de gestação, no dia 13 de Dezembro de 2010.
2 comentários:
que emoção ;)
tu és uma valentona, pá! ;P
beijinho
VALENTE! MESMO! :o)))
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