Há fins de semana que deveriam ser apagados do calendário, ou passados à velocidade luz para que não ficasse com a telha que tenho.
2º fim de semana a tratar dos preparativos para a chegada das gémeas , 2º fim de semana retida em casa, entre arrumações de armários, eliminação daquilo que poderá ser supérfluo, para arranjar espaço e esticar os armários para acolherem mais 3 pessoas ( que a minha cunhada está por lá por casa por uns meses ) e no entretanto a apanhar brinquedos do chão, estender a roupa, lutar com a ciática e fingir que a mesma não me incomoda, lidar com a minha pouquíssima capacidade de ter a casa num caos e ainda devo parecer feliz, entusiasmada e excitadissima com a chegada que se avizinha ( desculpem filhas mas há dias e dias ), dar colo e mimo, ler a história da noite à mais velha, ser paciente e não me enervar porque me faz mal a mim e porque as crianças não tem culpa, ahhh e no entretanto, ser compreensiva e não ser irascível.
Há dias em que tento sim, mas este fim de semana, lidar com isso tudo foi quase impossível. Eu tenho de compreender, dar colo e entender os outros, mas e então quem é que me compreende a mim?
É verdade, eu não me queixo, não consigo andar a choramingar ou a relembrar que tenho dores, que estou cansada mais que o costume pois carregar 2 no ventre e cuidar de mais uma cá fora, mais a casa além de me cansar fisicamente, desgasta-me emocionalmente e a forma que eu tenho de erradicar o meu desgaste não é chorando e fazendo-me de coitadinha à espera que me dêm colo, não é deitando-me quando o corpo pede, mas as tarefas não deixam, mas sim libertando a minha ira e dizendo o que penso, o que não penso e o que gostaria de não pensar. Algures no meu íntimo, tenho a mania de que sou super-mulher e isso irrita-me. Era tão mais fácil se eu baixasse mais vezes os braços e chorasse em vez de me irritar, irritar os outros e continuar a fazer tudo, como se tivesse uma energia e um vigor que me falham mas que eu teimo em não querer ver.
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