27 janeiro 2006

Sobrinhos

Hoje apeteceu-me escrever sobre a minha relação com os meus sobrinhos.
A minha Patrícia tem 12 anos, nasceu quando eu tinha 15 anitos. Até aos 2 anos durante o dia estava com a avó materna. Estava com ela todos os fins de semana, normalmente ao Sábado à tarde lá estava eu batida na casa do brother para estar com a Ticinha uma bela tarde a brincar, a levá-la a passear.
A partir dos 2 anos passou a ficar com a minha avó materna ( bisavó dela ) durante o dia e como eu estava também com a minha avó, ela passava os dias da semana comigo. Tinhamos uma cumplicidade enorme, eu achava-a ( e ainda acho ) um prodigio. Com menos de 2 anos ensinei-lhe 24 cores em apenas 2 horas, num trajecto entre Lisboa e Vila Viçosa. Nunca mais se esqueceu ou confundiu as cores. Com pouco mais de 2 anos contava até 100. Falava imenso e muito bem. Apenas dizia mal meia dúzia de palavras como duto ( iogurte ), pisquique ( kiwi ) e bubu ( chucha ).
Foi para a escola a saber escrever algumas coisas, a saber as vogais e a saber contas de somar e subtrair e algumas palavritas em Inglês ( tudo ensinado pela tiazinha do mundo como ela me chamava ).
Como estava na Faculdade durante metade do dia, ela uma parte desse tempo dormia, na outra eu deixava-lhe " trabalhos de casa " para ela fazer, uma vezes contas, outras escrever letras e palavras, outras pintar nos vários livros de colorir que tinha e com os vários lápis de cor.
Quando eu chegava era uma alegria e a partir daí só queria " tia, tia, tia ". Corrigia-lhe os trabalhos e brincavamos imenso. Via muito pouca televisão e quase todos os dias trazia um livro de histórias diferentes para eu lhe contar.
Quando eu estava em frequências ou a estudar e que tinha menos tempo para ela passava as tardes a fazer-me penteados ( não sei como os meus cabelos resistiram ).
Claro está que o meu amor por ela era enorme, imenso e a nossa cumplicidade mais que muita. Era uma criança muito sociável e sossegada. Cativava toda a gente. Hoje tem 12 anos e continuamos muito unidas com as respectivas diferenças de comportamentos próprias de cada idade.
Muito antes do meu sobrinho nascer e de a minha cunhada engravidar disse algumas vezes a pessoas amigas que o meu amor por ela era tão grande que achava que se tivesse mais sobrinhos não iria amar tanto porque com ela era diferente. Enganei-me redondamente.
Aprendi que o amor é inesgotável. Hoje tenho mais um sobrinho completamente diferente da criança que a Patrícia foi, muito inqueito, cheio de energia, cansa se depressa das brincadeiras, mas também ainda é um bébé, tem apenas 18 meses. Apesar de não estar tanto com ele como tive na infância da minha sobrinha amo-o muito e para minha alegria sou madrinha de baptismo deste bébé.
Tenho uma filha que amo muito, de uma forma inexplicável e inesgotável, sem limites nem condições mas aprendi que num coração cabe sempre o amor para mais um, dois, três... aprendi que há diferentes formas de amar, mas ainda não consegui aprender a explicá-las, aprendi que por mais amor que tenhamos por alguém há-de sempre sobrar amor para mais um.
Sei que a minha Patrícia lê este blog diariamente... esta foi a minha forma de mais uma vez lhe dizer... gosto muito de vocês.

3 comentários:

Anónimo disse...

ohh, que lindo texto....
fizeste-me lembrar os tempos na casa da avó, comigo sempre a pentear-te e a avó Amabilia a reclamar, a dançár-mos no escritório, eu a pedir-te beijos à telenovela e a dar-te aqueles beijos á velhinha...
ainda parece que foi ontem e já passou tanto tempo....

Mamã artesã disse...

Tens toda a razão: o amor é inesgotável e cabe sempre mais um no nosso coração.
Temos uma coincidência engraçada: a minha sobrinha/afilhada também se chama Patrícia e tem 12 anos (lol). A única diferença é que eu tinha 20 quando ela nasceu. Amo-a acima de tudo mas também tenho espaço para a maninha dela (17 meses) e para o meu filhote que vem a caminho.
Joquinhas e bom fds.
Sofia

Loira disse...

Tb adoro os meus sobrinhos e tenho com o mais velho (que tem 10 anos) a mesma relação q tens com a tua.
bj*
Loira e Zezinho